Em mensagem enviada ao Congresso Nacional por ocasião da cerimônia de
abertura dos trabalhos legislativos de 2014, a presidente Dilma
Rousseff afirmou nesta segunda-feira (3) que conta com o parlamento no
esforço de equilíbrio fiscal e controle da inflação. O comunicado da
chefe do Executivo foi levado ao Legislativo pelo recém-empossado chefe
da Casa Civil,
Apesar de o Brasil encerrar o ano com inflação maior que a prevista
pelo governo, de 5,9%, Dilma afirmou que o país teve melhorias
econômicas em 2013.
“As despesas com pessoal caíram de 4,7% para 4,2% do PIB. Esse
esforço não seria concretizado sem a parceria com o Congresso. Reafirmo
nossa determinação com medidas orientadas para a convergência da
inflação para o centro da meta. O patamar de câmbio manteve-se em
patamar adequado”, disse a presidente no comunicado, reforçando que
espera apoio do Legislativo no equilíbrio das contas públicas.
Teremos em 2014 uma gestão das contas públicas compatível com a
continuidade da política de grande compromisso com a responsabilidade
fiscal, para o que, contribuirá entre outras medidas o pacto que
firmamos com as principais lideranças políticas do Congresso Nacional”
Dilma Rousseff, presidente da República, em carta enviada ao Congresso Nacional
Em um texto de grande ênfase no compromisso do governo com o controle
de gastos, Dilma relembrou reunião realizada no final do ano passado
com líderes da base aliada no Senado e na Câmara na qual ela solicitou
um “pacto”entre Legislativo e Executivo pela responsabilidade fiscal. A
mensagem de Dilma foi lida no plenário da Câmara pelo quarto-secretário
do Congresso, senador João Vicente Claudino (PTB-PI).
Uma das principais preocupações do governo em 2014 é evitar projetos
que possam gerar rombos nas contas públicas. As “pautas bombas” foram o
tema central da primeira reunião do ano, na última quinta-feira (30),
entre líderes do governo e a ministra da Secretaria de Relações
Institucionais, Ideli Salvatti (PT-SC).
“Teremos em 2014 uma gestão das contas públicas compatível com a
continuidade da política de grande compromisso com a responsabilidade
fiscal, para o que, contribuirá entre outras medidas o pacto que
firmamos com as principais lideranças políticas do Congresso Nacional”,
ressaltou a presidente na mensagem.
Dilma, que não compareceu à solenidade, foi representada pelo novo
ministro chefe da Casa Civil.
Mercadante tomou posse no cargo nesta
manhã, em substituição a Gleisi Hoffmann. Ele seguiu a tradição e
entregou a mensagem ao quarto-secretário do Congresso. O presidente do
Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, compareceu à cerimônia e se
sentou ao lado do presidente do Senado,Renan Calheiros (PMDB-AL).
Estabilidade econômica
A presidente ressaltou ainda, na mensagem encaminhada aos congressistas, que o Brasil mantém a estabilidade econômica apesar das “incertezas” do mercado externo.
“As informações que hora apresento demonstram as transformações e
dinamismo desse novo Brasil que estamos construindo juntos. Mesmo com
cenário internacional de grandes incertezas e desafios, nosso país
mantém estabilidade, crescimento, emprego, renda e redução das
desigualdades.”
A presidente afirmou também que o Brasil, em 2014, continuará sendo
um “mercado atraente para o consumidor externo”. “Para 2014, as novas
concessões e o desenvolvimento do campo de libra são oportunidades
extraordinárias que o Brasil oferece. E acreditamos que responsabilidade
as com contas públicas não está dissociada da responsabilidade social”,
disse.
‘Independência entre poderes’
Ainda na mensagem, Dilma defendeu a “independência” entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Em 2013, Legislativo e Judiciário tiveram momentos de desentendimento, sobretudo quando o Supremo Tribunal Federal iniciou julgamento sobre financiamento de campanha por empresas.
Quando o placar estava em 4 a 0 pelo fim das contribuições de
empresas privadas a partidos e candidatos, o ministro Teori Zavascki
pediu vista (mais tempo para analisar a matéria) e adiou o julgamento.
“Defendemos a independência e harmonia entre os poderes, que combina o
desfrute de direitos civis e políticos, com afirmação de direitos
sociais e econômicos”, disse a presidente.
Dilma também destacou que continuará a combater a corrupção em 2014.
“Estamos investindo na transparência da nossa gestão pública e no
reforço dos órgãos de fiscalização, de modo a acabar com a chaga
histórica da corrupção.”
Manifestações
No comunicado, a presidente Dilma Rousseff também mencionou os protestos de rua que tomaram conta das ruas do país em junho do ano passado. De acordo com a petista, o governo está preparando “respostas” ao pleito dos manifestantes. Ela destacou que desonerou tributos federais para baratear o custo das passagens de ônibus e metrô.
“Estou certa de que nos próximos anos teremos o uso dos recursos do
petróleo, em educação. Será uma riqueza perene. Outras respostas às
demandas das manifestações de julho ainda estão em curso”, ressaltou no
texto.
Dilma fez um resumo do andamento dos programas do governo federal até
o final de 2013. Ela destacou que o programa de transferência de renda
Brasil sem Miséria retirou 33 milhões de pessoas da pobreza. “Daremos
prosseguimento em 2014 as políticas de inclusão social”, disse.
Ela também citou a concessão de aeroportos brasileiros, que, segundo
ela ajudarão a “modernizar a malha aeroviária do país”. “A disputa nos
leilões foi intensa. Seis aeroportos de grande porte estão sob controle
da iniciativa privada.”
Copa do Mundo
Em meio a críticas da Fifa pelos atrasos no andamento das obras da Copa do Mundo de 2014, Dilma usou a mensagem presidencial para reafirmar que o campeonato será bem sucedido.
“A Copa de 2014 será a Copa das Copas. O evento fortalecerá o Brasil.
É uma das maiores oportunidades que teremos para mostrar nossa cultura,
nossa hospitalidade, nossa alegria e nossas belezas naturais”, disse.
De acordo com a presidente, o governo tem “trabalhado pelo
desenvolvimento do esporte”. “Nosso objetivo é que o Brasil em 2016
figure entre os 10 primeiros colocados nos Jogos Olímpicos e entre os 5
nos jogos Para-Olímpicos.”
Presídios e segurança
Sobre segurança pública, Dilma destacou que o governo tem realizado operações e feito investimentos em ações de controle das fronteiras e combate ao tráfico de armas e drogas.
“A força Nacional de segurança sempre que solicitada está pronta para apoiar as forças estaduais de segurança”, ressaltou.
Ela afirmou ainda que o governo federal transferiu recursos aos estados do ano passado para a construção de novos presídios.
“Disponibilizamos R$ 1,1 bilhão para que os estado possam construir
novos presídios, ampliando em 47.419 novas vagas no sistema prisional
estadual entre 2011 e 2014. A construção do quinto presídio federal, que
ficará em Brasília, foi iniciado em 2013.”
Espionagem
Na mensagem presidencial, Dilma também falou que o governo vai adotar medidas para evitar ações de espionagem internacional. Dados vazados por Edward Snowden, ex-agente da NSA, agência de segurança norte-americana, mostram que o governo dos Estados Unidos acessou comunicações da presidente, assessores e ministros.
Dilma destacou que as Nações Unidas aprovaram documento elaborado
pelo Brasil e a Alemanha, que pede compromisso dos países pela
privacidade dos governos e indivíduos.
“Vamos trabalhar pela confidencialidade, autenticidade de informações
de interesse do Estado brasileiro, em especial no que se refere à
segurança cibernética. Continuaremos nossos esforços junto à ONU para
manter a confidencialidade”, afirmou.
De acordo com a presidente, o objetivo é garantir que a internet se
torne um “território livre e neutro, que sirva para os grandes esforços
da paz, aproximação dos povos e livre circulação da informação.
G1
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