Os principais líderes da base governista
na Assembleia Legislativa reagiram duramente, ontem, à tentativa do
líder do Bloco Parlamentar de Oposição (BPO), deputado Rubens Pereira
Júnior (PCdoB), de responsabilizar o secretário de Estado de
Infraestrutura, Luis Fernando Silva (PMDB), por supostas irregularidades
em convênio firmado entre a Prefeitura de Ribamar – administrada por
ele até 2010 – e o Governo do Estado, para construção de um estádio na
cidade.
A principal crítica da base aliada disse
respeito à incoerência do comunista, que usou dados de um relatório
preliminar do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Maranhão para
embasar sua denúncia, menos de um ano depois de atacar a Corte após o
vazamento de documento parecido, com informações sobre supostas
irregularidades cometidas por sua mãe, Suely Pereira (PSB), à frente da
Prefeitura de Matões.
Para o vice-presidente da Assembleia,
deputado Max Barros (PMDB), Rubens Júnior tem usado “dois pesos e duas
medidas” ao tratar dos temas mais polêmicos na Casa. O peemedebista
questionou, por exemplo, por que só agora o deputado oposicionista usa
dados de um relatório do TCE para atacar um adversário político, mas não
concordou com um relatório do mesmo TCE, em maio do ano passado, com
irregularidades em Matões.
“Recordo-me que alguns meses atrás o
deputado Rubens Júnior esteve na tribuna desta Casa criticando de
maneira bastante enfática a atuação do Tribunal de Contas do Estado.
Houve uma auditoria na Prefeitura de Matões, da qual a prefeita é sua
genitora, e essa auditoria apontou uma série de falhas, uma série de
irregularidades, e o deputado Rubens Júnior subiu à tribuna e criticou
muito, criticou a instituição, criticou o modus operandi do Tribunal de
Contas. Ele foi até violento em relação ao Tribunal de Contas do
Maranhão”, frisou.
Barros lembrou que, quando da revelação
das incongruências em contas da Prefeitura administrada pela mãe do
comunista, o TCE foi tão duramente atacado pelo líder do BPO que vários
deputados precisaram se posicionar publicamente em desagravo à entidade.
O deputado reiterou que hoje, depois de criticar quem “condenou” a
prefeita Suely Pereira com base em relatório preliminar, Rubens Júnior
faz juízo de valor igual.
“Naquele momento, fui eu que vim aqui à
tribuna para defender o Tribunal de Contas, para dizer o quanto é
importante termos órgãos fiscalizadores. Mas tive a responsabilidade,
também, de acatar uma colocação do deputado Rubens Júnior, que
auditorias preliminares merecem ainda o contraponto do próprio gestor. E
agora o deputado Rubens Júnior, baseado no relatório preliminar do
Tribunal de Contas, já vem fazer juízo de valor de uma matéria em que o
próprio prefeito ou as pessoas que foram apontadas, irão apontar item
por item o que aconteceu”, completou.
Mudança – O líder do
governo na Casa, deputado César Pires (DEM), também repreendeu Rubens
Pereira Júnior pelo que considerou mudança de postura em relação ao TCE.
Segundo ele, se todo prefeito for “julgado” com base apenas em
relatórios preliminares, sem antes apresentar defesa, haverá no Maranhão
“217 prefeitos desonestos apenas no primeiro relatório”.
“Apresentar aqui relatório preliminar
como algo acabado, sem dar direito a defesa, me parece um precedente
perigoso. Haveria, assim, na verdade 217 prefeitos desonestos apenas no
primeiro relatório. Ora, me parece não muito confortável se fazer o que
Vossa Excelência fez. Imagine agora se os desafetos dos adversários de
qualquer prefeito publicassem em praça pública os relatórios
preliminares do Tribunal de Contas e que tomassem aquilo como verdadeiro
ou nos meios de comunicação, nos blogs tornariam desonesto talvez o
mais honesto do cidadão maranhense”, destacou.
O líder do Bloco Parlamentar pelo
Maranhão (BPM), deputado Roberto Costa (PMDB), classificou de factoide e
desqualificou a denúncia da oposição.
Por Gilberto Léda/Leia mais na edição de hoje de O Estado do Maranhão
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