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domingo, 18 de janeiro de 2009

O diário das drogas

É um assunto muito delicado para ser tratado de uma hora para outra, e ter uma solução em curto prazo. Primeiramente, quero dizer a todos que lerem este meu desabafo que não procurem ignorar as pessoas usuárias de qualquer tipo de droga. Sejam lícita ou ilícita. Ou seja, aquele dependente químico que foi adotado de forma covarde pelo traficante desalmado que muitas das vezes mora ao seu lado ou adentra de maneira sorrateira à sua casa. Sem causar alarde em toda vizinhança, e de forma imunda e suja altera todo um comportamento padrão e familiar. Nós sabemos que a droga ela não escolhe cara. Independe da posição social, cor, sexo, religião, credo ou do poder econômico de qualquer ser humano, depois o submete diretamente ao fundo do poço. É uma porta larga que só tem entrada, contudo a saída é muita estreita. E é assim, que eu relato essa história. Idêntica a de muitas famílias que têm filhos, irmãos, parentes e amigos mergulhados nessa guerra da agonia composta de sucessivas batalhas. Ora vencida por nós, ora por eles. A pessoa que envereda pelo caminho das drogas, perde a cidadania. Perde a identidade. Perde a dignidade. Muitas das vezes os sentimentos ficam muito abaixo da vontade de viver. Nessa guerra da agonia, laços de famílias são quebrados, triturados e postos de lado. Divide opiniões e leva à discriminação social. Impõe a marginal. Todos os dias, eu assisto aos programas de TV, leio nos jornais, ouço nos rádios aos apelos mais desesperador dos pais, tios e amigos pedindo ajuda, clemência e querendo uma vaga em qualquer clínica do país, para quem necessita ser internado. Quem bem souber, pensa duas, três, quatro, cem, mil, um milhão de vezes antes de provar essa maldita. Todavia, é estarrecedor. Quando você menos espera, a notícia bate à sua porta. Você é apanhado de surpresa e não sabe o que fazer. É como se estivesse numa encruzilhada. Não se tem saída. Mesmo quando o seu melhor amigo ou amiga chega para você, e diz: Seu filho usa droga! E agora? O que fazer se você descobrir que seu filho ou seu irmão está usando drogas? É uma pergunta difícil de compreender. Em primeiro lugar, tenho em mente que não existem soluções rápidas, imediatas ou mágicas em casos como este. Soluções apressadas podem piorar a situação. Tampouco parta do princípio que seu filho, seu irmão é um usuário crônico. Ele pode ter começado a usar há muito tempo ou há poucos dias e ser ainda um usuário recreacional. Diga-se, curte por que é um barato. Uma vez ou outra quando tem uma balada. E é aí que tudo começa. Essas pessoas pensam que têm controle sobre o vício, e quando despertam é tarde demais! Estão completamente dominadas! Tratá-lo como dependente torna tudo mais difícil. A droga ela escraviza qualquer ser humano. E pior ainda é o débito quando contraído pelo usuário está acima de todas as suas condições financeiras. Isto é, torna-se impagável. Tudo começa a ficar escasso e difícil. Até os objetos pessoais começam a ser vendidos. Roupas, discos, celulares, imóveis, sítios e tudo aquilo que pode ser transformado em dinheiro fácil e rápido para o usuário sair da crise de abstinência. Quando feita a ingestão e suprida a necessidade, de acordo com o grau de uso, do tamanho da ‘over dose’, aí vem seguida de alucinações e falsas perseguições, atingindo o estágio da esquizofrenia ou da paranoia. Para melhor compreendimento, estudiosos elaboraram uma descrição dos quatro principais estágios do uso de drogas, que dependendo do usuário e da droga utilizada, podem levar de algumas semanas. Caso do crack, por exemplo, há alguns anos. E assim por diante. Especialistas no assunto abordam os seguintes estágios: como foi o primeiro contato; a periodicidade do uso; a ditadura da droga e viver para drogar-se, drogar-se para viver. É necessário que a família entenda que, algumas vezes, os dependentes criam um mundo de fantasias ao seu redor, tornando difícil a tarefa de separar o que é verdade do que não é. Além da ajuda de um profissional da área, a família também tem que passar por orientações desse profissional. Portanto, é necessário que a iniciativa parta do próprio usuário, aflorando a sua autoajuda e autoestima para que o processo de reabilitação e recuperação obtenha êxito total. Sei que é um difícil recomeço. Principalmente, quando estas pessoas procuram abster-se da realidade. Enfim, as drogas matam mais rapidamente do que os usuários pensam a ficar escondendo o jogo.

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