13/10/2016 07h34
- Atualizado em
13/10/2016 10h03
Sandoval Cardoso foi preso e Siqueira Campos, conduzido coercitivamente.
Ao todo, 113 mandados judiciais estão sendo cumpridos em seis estados.
O ex-governador do Tocantins
Sandoval Cardoso foi preso temporariamente nesta quinta-feira (13)
durante a Operação Ápia, da Polícia Federal, que investiga uma fraude de
R$ 1,2 bilhão em licitações. Outro ex-governador do estado, Siqueira
Campos (sem partido) também é alvo da operação. Ele foi conduzido
coercitivamente para prestar depoimento.
A operação visa desarticular uma organização criminosa que atuou no
Tocantins fraudando licitações públicas e a execução de contratos
administrativos para terraplanagem e pavimentação asfáltica em rodovias
estaduais.
A defesa de Siqueira Campos foi
procurada e disse que vai se posicionar sobre o caso nesta manhã. A defesa de Sandoval ainda não foi encontrada.
Também são alvos a Secretaria de Infraestrutura de Tocantins, a empresa
Vídeo BG e a empresa Barra Grande Construtora. Esta foi procurada e
disse que não tem ninguém para comentar sobre o caso.
Mandados judiciais
A operação é realizada em conjunto com o Ministério Público Federal e Controladoria Geral da União.
A operação é realizada em conjunto com o Ministério Público Federal e Controladoria Geral da União.
Ao todo, 350 policiais participam da operação cumprindo 113 mandados
judiciais expedidos pela Justiça Federal sendo 19 mandados de prisão
temporária, 48 de condução coercitiva e 46 de busca e apreensão no
Tocantins, Maranhão, Goiás, Belo Horizonte, São Paulo, Brasília e Cocalinho (MT).
No Tocantins, a operação é realizada em Araguaína, Gurupi, Goiatins, Formoso do Araguaia, Riachinho e Palmas. Em Goiás, nas cidades de Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis. No Maranhão, em São Luís, Governador Nunes Freire e Caxias.
Investigações
Segundo a Polícia Federal, é apurado um esquema de direcionamento de concorrências envolvendo órgãos públicos de infraestrutura e agentes públicos do Estado, nos anos de 2013 e 2014.
Segundo a Polícia Federal, é apurado um esquema de direcionamento de concorrências envolvendo órgãos públicos de infraestrutura e agentes públicos do Estado, nos anos de 2013 e 2014.
As obras, conforme as investigações, foram custeadas por recursos
públicos adquiridos pelo Estado, por meio de empréstimos bancários
internacionais e com recursos do BNDES, tendo o Banco do Brasil como
agente intermediário dos financiamentos no valor total de cerca de R$
1,2 bilhão. Os recursos adquiridos tiveram a União como garantidora da
dívida.
A PF disse que chamou a atenção dos investigadores o fato de que, em um
dos contratos, uma empreiteira pediu mais de 1.500 caminhões carregados
de brita para completar uma obra. Se enfileirados, esses veículos
cobririam uma distância de 27 km, ultrapassando a extensão da própria
rodovia.
Agentes da PF cumprindo mandado na casa de
Siqueira Campos
Siqueira Campos
(Foto: Sydney Neto/TV Anhanguera)
Em outra situação, segundo a PF, a perícia demonstrou que para a
realização de determinadas obras, nos termos do contrato celebrado,
seria necessário o emprego de mão de obra 24 horas por dia,
ininterruptamente, o que seria inviável.
A polícia estima que o prejuízo aos cofres públicos gire em torno de 25% dos valores das obras contratadas, o que representa aproximadamente R$ 200 milhões.
Os investigados devem responder pelos crimes de formação de cartel, desvio de finalidade dos empréstimos bancários adquiridos, além de peculato, fraudes a licitação, fraude na execução de contrato administrativo e associação criminosa.
A polícia estima que o prejuízo aos cofres públicos gire em torno de 25% dos valores das obras contratadas, o que representa aproximadamente R$ 200 milhões.
Os investigados devem responder pelos crimes de formação de cartel, desvio de finalidade dos empréstimos bancários adquiridos, além de peculato, fraudes a licitação, fraude na execução de contrato administrativo e associação criminosa.
Participação no esquema
Siqueira Campos e Sandoval Cardoso
foram governadores entre 2011 e 2014. Conforme a decisão da Justiça
Federal, eles atuaram diretamente no contrato de financiamento firmado
com o Banco do Brasil. Parte do dinheiro teria sido usada em campanhas
eleitorais.
Na decisão, o MPF argumenta que Siqueira "protagonizou fato incomum" às vésperas das eleições de 2014, quando renunciou ao cargo de governador,
acompanhado do vice, João Oliveira. Após a renúncia, Sandoval Cardoso,
então presidente da Assembleia Legislativa, assumiu o governo.
O MPF alega que a renúncia de Siqueira Campos fazia parte de um plano
arquitetado para manter o mesmo grupo político no poder e eleger o filho
de Siqueira Campos, José Eduardo Siqueira Campos, como deputado
estadual.
O órgão diz ainda que o deputado estadual "seria beneficiário das
doações eleitorais das empresas investigadas, assim como Sandoval
Cardoso e Carlos Eduardo Torres Gomes, que concorreram, no mesmo pleito,
aos cargos de governador e de senador, respectivamente".
A polícia ainda não informou que José Eduardo e Eduardo Torres são também alvo da operação.
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