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domingo, 14 de novembro de 2010

Ricardo Murad, deputado estadual: “Devemos dar respostas aos anseios da população”

Campeão de votos nas eleições deste ano, o parlamentar defende medidas imediatas para garantir o cumprimento do programa de governo apresentado por Roseana


Waldirene de Oliveira
Editora de Política

Ainda em tratamento contra um quadro de fadiga muscular que o tirou de circulação desde a eleição do primeiro turno, o deputado estadual reeleito Ricardo Murad (PMDB), campeão de votos neste pleito, falou ontem com exclusividade a O Estado sobre o seu futuro político e a visão que tem sobre diversas questões referentes à próxima gestão da governadora Roseana Sarney.

O deputado defende uma adequação no projeto orçamentário do Estado para 2011, uma ampla reforma no secretariado estadual, a modernização da máquina pública, a realização de concurso público para substituição da mão-de-obra terceirizada nos órgãos estaduais e a valorização dos demais poderes, para viabilizar um processo amplo de desenvolvimento do Maranhão.

Apontado pelos próprios colegas de parlamento como favorito para a disputa pela Presidência da Assembléia Legislativa, Ricardo Murad ressalta que ainda não decidiu se será candidato e garante que, se for necessário, abrirá mão de qualquer cargo para contribuir para que Roseana faça o melhor governo da vida dela, como a governadora pregou na campanha eleitoral. Abaixo, a íntegra da entrevista:

O ESTADO - Como é que o senhor avalia os resultados das eleições no Maranhão?
Ricardo Murad - Tivemos uma vitória incontestável e completa no primeiro turno, elegendo a governadora, os dois senadores, 30 deputados estaduais e 12 federais, com uma esmagadora maioria dos votos em quase todos os municípios. Isso nos deixa com a obrigação de dar uma resposta eficiente aos anseios da população. O povo disse que quer um governo operante e ágil, que cumpra aquilo que está no programa de governo apresentado na campanha. Dissemos como vai ser a saúde e que a revolução na educação vai acontecer. É isso que tem que ser feito, a partir de 1º de janeiro.

O ESTADO - O projeto orçamentário que está prestes a ser votado pela Assembléia Legislativa está de acordo com esse programa de governo?
Ricardo Murad - Acho que a governadora deveria pedir de volta a proposta para fazer as adequações necessárias de forma a atender os investimentos anunciados no programa de governo para os próximos quatro anos, principalmente nas áreas de saúde, educação, segurança, infra-estrutura e capacitação profissional para suprir a demanda por mão-de-obra qualificada que será absorvida pelos grandes empreendimentos que virão para o Maranhão. Isso também poderia ser feito por meio de uma emenda modificativa ao Orçamento, a ser apresentada pela bancada do governo.

O ESTADO - Assegurados os recursos orçamentários, o senhor acha que seria necessária outra medida de impacto para viabilizar os investimentos anunciados pela governadora?
Ricardo Murad - A minha opinião é que a governadora deveria centralizar em algum órgão todos os recursos de investimento para que eles sejam efetivamente realizados. Temos que concluir o maior programa de saúde pública já iniciado neste país, temos que reformar o sistema de educação com escolas em tempo integral, capacitação de professores, melhoria de salários e distribuição de fardamento gratuito; construir estradas e as obras do quarto centenário de São Luís, além de muitas outras realizações planejadas por Roseana. Esse órgão poderia ser a Casa Civil, como o presidente Lula fez com a Dilma (Rousseff), e aí se estabeleceria as diretrizes do que seria feito a cada ano e todo o governo trabalhar para concretizar o que for decidido pela governadora. Entendo que é preciso priorizar tudo o que foi prometido na campanha.

O ESTADO - A governadora está estudando mudanças na equipe de governo. Elas são necessárias
Ricardo Murad - Eu entendo que é preciso uma reforma radical e imediata no secretariado. Secretário tem que ser experiente, competente, alinhado politicamente, mas não necessariamente imposto por um partido. Precisa transitar bem, ser identificado com o programa de governo. Não pode ser um corpo estranho. E a governadora não precisa esperar até janeiro para fazer as mudanças que julgar necessárias.

O ESTADO - Seria preciso mexer também na estrutura do governo?
Ricardo Murad - É urgente a modernização da administração estadual. No atual modelo, é muito difícil ter a agilidade necessária para dar conta desse gigantismo, que é o nosso compromisso com o povo maranhense para os próximos quatro anos. Precisamos saber qual é a atual estrutura, qual o quadro efetivo de que ela precisa para essa mudança que a governadora pretende promover. É fundamental priorizar a Educação, a Casa Civil e o Planejamento, assim como defendo a criação de uma secretaria de gestão estratégica da região metropolitana, que alcance também os municípios da área de abrangência da refinaria da Petrobras. Haverá uma revolução nesses municípios em pouco tempo, com todos os investimentos previstos, e o governo precisa estar estruturado para atender às demandas que virão. Por isso vejo a necessidade de um órgão específico para cuidar dessa área. Assim como é preciso desmembrar a pasta da Segurança e criar uma secretaria para tratar exclusivamente da administração penitenciária.

O ESTADO - Essa reforma atingiria a contratação de funcionários?
Ricardo Murad - Essa crônica terceirização de pessoal compromete a eficiência dos serviços públicos. Não haverá revolução na saúde, na educação, na segurança ou em qualquer outra área do governo se não mudar essa forma de contratar funcionários. Tem que haver concurso público imediato para todas as carreiras de Estado. E o que for melhor terceirizar, que seja feito de forma transparente, também por meio de concorrência pública.

O ESTADO - E a eleição da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa. O senhor será candidato a presidente?
Ricardo Murad - Ainda é cedo para tomar essa decisão. A Assembléia saberá, no momento oportuno, escolher seu presidente. Lógico que deverá ser um nome afinado com o governo. A minha pretensão é ajudar Roseana a fazer o melhor governo da vida dela, em qualquer lugar. A única coisa que desejo é que ela faça um excelente governo, e para isso estou disposto a abrir mão de qualquer cargo.

O ESTADO - Por falar em Assembléia, o senhor tem defendido uma nova postura também do Legislativo...
Ricardo Murad - As emendas parlamentares são uma conquista que não se discute mais, os deputados devem dispor desses recursos para atender às necessidades dos municípios. O Legislativo tem que ser forte, com suas comissões funcionando permanentemente. Dentro desse grande projeto de desenvolvimento do Maranhão, é preciso incluir o Legislativo, o Judiciário, o Ministério Público e o Tribunal de Contas, para assegurar que recebam os investimentos necessários e possam desenvolver, em todo o estado, o papel que a sociedade espera deles.

O ESTADO - Os partidos aliados têm contribuído para a estruturação desse novo governo?
Ricardo Murad - O governo tem que ouvir as pretensões dos aliados. Ouvir não é atender ou acatar, mas é preciso que o governo ouça não somente as indicações de nomes, mas também as idéias, as propostas, a visão dos aliados sobre seu programa. Os partidos têm seus quadros, suas opiniões, então é necessário ouvi-los. Isso é fundamental para uma boa estabilidade política. Mas nenhum partido tem que ter a posse de nenhuma secretaria, principalmente das pastas-chave do governo. Então, Educação não é do PT nem do PMDB, a Saúde não é do PMDB ou do PT, assim como a Segurança e a Infra-Estrutura. Precisam ser comandadas por pessoas afinadas com o grupo político que venceu as eleições, mas não podem pertencer a partidos. Deve-se buscar o melhor técnico ou melhor político para gerenciá-las, pois acho que os políticos também devem ser parte do governo. Mas as secretarias não devem ficar sujeitas tão somente à indicação partidária.

O ESTADO - E a parceria com os municípios?
Ricardo Murad - Ela deve ser aprofundada, mas com os prefeitos que tenham a responsabilidade de dar a sua contrapartida, em todas as áreas, de garantir a correta aplicação dos recursos repassados e o efetivo funcionamento dos serviços públicos. Esse novo relacionamento Governo/Prefeitura precisa ser estabelecido. Defendo também um acordo especial com a Prefeitura de São Luís, onde tivemos votação consagradora, independente do que representa o PSDB, do prefeito Castelo. Pela confiança que a população depositou na proposta da governadora, na nossa bancada, nós temos que ter uma parceria institucional com a Prefeitura de São Luís, para somar esforços e fazer com que as coisas aconteçam aqui.

Do jornal O Estado do Maranhão

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