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quarta-feira, 11 de junho de 2008

Jackson usa Assembléia para não ser processado

Quadrilheiro, propineiro, peculatário, ladrão e corrupto. É assim que o governador Jackson Lago (PDT) vai ser taxado de agora em diante até o fim de seu governo sem poder reclamar, depois de ter sido acusado de usar sua base na Assembléia para não permitir que fosse investigado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) no bojo da Operação Navalha. “Quem usar esses termos para tratar o governador vai usá-los com razão”, declarou o deputado Ricardo Murad (PMDB) da Tribuna da Casa (Foto/Nestor Bezerra). O governador precisava de maioria simples (22 votos) mas obteve 27. Só 13 deputados votaram a favor da investigação quando eram necessários 28. Dois fugiram ou se ausentaram: os “oposicionistas” Antonio Pereira (DEM) e Joaquim Haickel (PMDB), que está em Boston (EUA).

Os governistas usaram o argumento que na denúncia feita pelas subprocuradoras Lindôra Arapújo e Célia Regina Delgado não haviam elementos que incriminassem o governador. “São sempre terceiros falando em nome dele. Essa é uma denúncia política. Não tem uma prova substancial. Essa é uma autorização contra o povo do Maranhão”, discursaram Edivaldo Holanda (PTC), Marcelo Tavares (PSB), Rubens Jr. (PRTB) e Pavão Filho (PDT), só para citar os principais.

Edivaldo Holanda (PTC), que é líder do governo, citou várias passagens bíblicas envolvendo Deus e o Diabo para defender a tese que a oposição, ao pregar que o pedetista deveria permitir a apuração como forma de provar sua inocência, estava na verdade querendo enganar o governador. Ele citou dez vezes o nome de Deus e 45 do demônio em seus discursos.
Em todas as suas falas os governistas ressaltavam que o posicionamento que estavam tomando não tinha nenhuma imposição do governo ou barganha por trás. Ninguém acreditou. Segundo circula no meio político, esses parlamentares estão tendo liberadas emendas de mais de R$ 1,5 milhão para suas bases do interior.

Só em 2014

Coube ao evangélico Pavão Filho (PDT) entregar o jogo. Ele disse que não há prejuízo para o processo porque assim que Jackson deixar o mandato ele vai responder as acusações. No entanto, fez uma ressalva: “depois de seu mandato ou mandatos”. Foi uma referência ao fato do pedetista poder ser reeleger. Ou seja, ele só responderia o processo em 2014.
O deputado Chico Gomes (DEM) aproveitou a afirmativa para mandar um recado. “Quando ele deixar o governo estará sozinho e abandonado à própria sorte.” Lembrou que os deputados são taxados hoje de “ladrões” pela população justamente por conta desse tipo de postura. “Mais uma vez o trabalho sujo fica para a Assembléia.” Victor Mendes (PV) usou o antigo discurso de que “quem não deve não teme”. “O governador está se escondendo atrás da Assembléia para não ser investigado”, completou.

Os parlamentares leram trechos das gravações feitas pela Polícia Federal (PF) e apresentaram documentos que constam no processo como forma de demonstrar a participação de Jackson no “sofisticado grupo criminoso”, conforme definido na denúncia. “Os diálogos mostram que ele é culpado, mas é ele quem tem de se defender”, declarou Max Barros (DEM).

Pressão

A deputada Helena Heluy (PT) contrariou orientação do próprio partido, cujos membros ocupam dezenas de cargos na administração, a chamada “boquinha”, e votou pela autorização. Para Ricardo Murad, o governador “não tem o direito de se esconder por trás do Poder Legislativo”.
Ele disse que o PMDB estuda ajuizar no Supremo Tribunal Federal (STF) Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra o artigo da Constituição Maranhense que determina que a Assembléia dê autorização para a abertura do processo contra o chefe do Executivo. “O problema é saber se ele ainda terá condições de continuar governando o estado. O STJ tem 33 ministros. Qual o temor de Jackson em se defender perante eles? Em seu depoimento, ele debochou do ex-secretário Ney Bello (Infra-Estrutura), renegou os sobrinhos e culpou José Reinaldo três vezes”, assinalou.
Para Raimundo Cutrim, em vez de ficar acusando a PF e as subprocuradoras da República de manipulação, Jackson deveria processá-los por improbidade administrativa e denunciação caluniosa. “Nós vamos continuar com a dúvida: Jackson é honesto ou desonesto?”.

Como foi a votação

A favor do pedido do STJ - Carlos Alberto Milhomem, Carlos Filho, César Pires, Fátima Vieira, Francisco Gomes, Helena Heluy, Hélio Soares, Jura Filho, Maura Jorge, Max Barros, Raimundo Cutrim, Ricardo Murad e Victor Mendes.
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Votaram contra a autorização – Afonso Manoel, Alberto Franco, Antônio Bacelar, Arnaldo Melo, Camilo Figueiredo, Cleide Coutinho, Edivaldo Holanda, Eliziane Gama, Graciete Lisboa, Graça Paz, João Evangelista, José Lima, Marcelo Tavares, Marcos Caldas, Mauro Jorge, Nonato Aragão, Pavão Filho, Paulo Neto, Pedro Veloso, Penaldon Jorge, Rigo Teles, Rubens Júnior, Soliney Silva, Stênio Rezende, Valdinar Barros, João Batista e Fufuca Dantas.

Ausentes - Antônio Pereira (DEM) e Joaquim Haickel (PMDB), que comunicou estar em viagem para o exterior.
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Repoduzido do Blog do Jornalista Décio Sá
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Postado por Márcio Antônio

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