Disputa judicial continua em São Mateus

O prefeito reeleito de São Mateus, Rovélio Nunes (PV), e o candidato derrotado, Miltinho Aragão (PSB), voltaram a travar uma batalha nesta terça-feira. Foi durante a análise, pelo TRE, do processo em que o socialista pretende anular os votos da urna 138, do povoado Juçareira. Rovélio foi eleito com 9.486 votos (50,06%) contra 9.464 (49,94%) de Miltinho - diferença de apenas 22 votos. Na urna em questão votam mais de cem eleitores, daí a briga. Após a eleição, partidários do candidato derrotado incendiaram vários prédios públicos na cidade.

Miltinho, advogado e jornalista, subiu à tribuna para tentar convencer os juízes da anulação da votação. Era observado de perto por Rovélio, também presente à sessão (na foto de camisa listrada). Ele apontou uma série de irregularidades naquela urna: pessoas votaram depois das 17h sem apresentar documentos de idenficação; 104 eleitores votaram após esse horário, quando existiriam 50 próximos ao local naquela hora; e houve uma diferença pró-Rovélio de 73 votos, contrariando as outras seções que registravam entre 10 e 25 votos de diferença.

William, advogado do prefeito, rebateu dizendo que Miltinho tratou de “fatos apaixonados”. Segundo ele, um problema técnico na urna, verificado pela própria equipe do TRE no dia da eleição e corrigido posteriormente, atrasou a votação. Alegou ainda que o socialista tinha advogados e fiscais no local e não protestou na ocasião.

O juiz eleitoral da cidade, Marco Aurélio Barreto Marques, julgou o processo precluso porque a coligação derrotada teria recorrido fora do prazo. O mesmo argumento foi usado pelo advogado de Rovélio. “A lei não socorre os que dormem”, disse. O mesmo entendeu o ex-procurador eleitoral José Leite Filho. No entanto, a nova procuradora eleitoral Carolina da Hora, questionou a existência da ata do resultado daquela urna. Ela alegou ainda que o processo não estava instruído.

O relator da matéria, juiz Roberto Veloso, defendeu a anulação da primeira sentença e elaboração de uma nova decisão sob a responsabilidade agora do juiz Osmar Gomes. Foi seguido pelos outros membros da Corte. O processo vai voltar para São Mateus.

Miltinho saiu comemorando o resultado do julgamento, que atrasará em pelo menos mais seis meses a definição da questão pelo TRE. “Não sei o que ele comemorou. Se tiver uma nova eleição, eu ganho de novo”, desdenhou Rovélio.

Do Blog do jornalista Décio Sá