Aluna Mayara com a porf. Amparo no programa Coroatá em Debate |
O texto
literário foi escrito pela jovem pequenina coroataense, Mayara Póvoa dos
Santos Alves, que cursa a 6ª Série B, no Centro Educacional Léda
Tajra. Ela é muito talentosa! Vai participar das Memórias Literárias da
Olimpíada da Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, que será realizado na
cidade de São Paulo, nos dias 12, 13 e 14 de novembro de 2012.
Quem
segue acompanhando a menina Mayara, é a professora Amparo de Lellys Lys, que
vem fazendo um brilhante trabalho junto aos jovens e descobrindo talentos no CE
Léda Tajra. Além de contar com o total apoio da Gestora Elineuza Viana,
que não mede esforços, afim de que os alunos daquele conceituado
estabelecimento tenham a oportunidade de serem destacados em futuras olimpíadas
de quaisquer atividades escolares em nível nacional.
Em
recente entrevista concedida no programa Coroatá em Debate, da rádio Geração
Jovem FM, a pequinina talentosa Mayara revelou outros dons naturais.
Além da trendência natural de ser no futuro uma grande escritora. Ela é dona de
uma belíssima voz! Durante a entrevista narrou o seu
próprio texto com bastante profundade, de acorodo com sua naturalidade
interpretatvia. Outra aptidão da jovem, é a de cantar e interpretar canções da
Música popular Brasilera (MPB). Em breve, ela vai fazer uma capelinha no mesmo
programa de rádio, esperem para ouvi-la!
A
professora Amparo, acrescentou que a jovem coroataense já
é semifinalista e que irá receber a Medalha de Bronze conseguida
nas Olimpíadas da Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro. Parabéns! A jovem
Mayara e a equipe de professores do Léda Tajra.
Leia
abaixo na íntegra, as "Memórias de Maria de Lurdes Oliveira Sousa".
O
encanto da vida de uma menina-mulher.
Ainda me lembro como se fosse hoje,
chego até sentir o cheiro do mato, o gosto do peixe, das raízes de macaxeira, o
frescor da brisa de quando era adolescente (17 anos), mas já mulher... Mulher
de pescador.
Final de tarde botava a canoa
a correr nas águas do rio Itapecuru, eu grávida de meu 1º filho e meu esposo,
fomos colocar uma armadilha para pegar mandis que se pega mais na noite de lua
clara, e ficamos lá a espera do dia chegar, quando surgiu um cheiro muito forte
de peixe e um barulho estranho... Não tínhamos dúvida era a Sucuri - cobra
grande que engole ser humano - e que segundo pescadores perseguem mulher
grávida, eu e meu esposo saímos das margens do rio e fomos rasgando mato até a
estrada de volta para casa.
Era a nossa sobrevivência,
vivíamos da pesca, o tempo passou e já tinha meus três filhos - uma menina e
dois meninos-e descíamos nas águas do rio, era um encanto só, nossos filhos
ficavam maravilhados com toda aquela natureza, perguntavam tanto que às vezes
ficávamos sem respostas... E as histórias?...As histórias que contavam vinham
todas da imaginação, era fantástico ficar arranchados na beira do rio por dois
dias.
Enquanto esperávamos a noite
chegar eu preparava o rango, botava para cozinhar na panela de ferro preta por
fora pelas labaredas das chamas das lenhas, o feijão colhido ali mesmo na nossa
vazante e meu marido ficava a assar os peixes num espeto de pau, depois
sentávamos naquela areia fina, alva e fria e comíamos com farinha de mandioca.
As tardes em embaladas pelos
sonhos das crianças que ficavam a brincar com a areia molhada moldando
criaturas que só elas mesmas conheciam e dali dos galhos das árvores deitada na
rede de imbira( material retirado de palmeiras) ficava não só a observá-los,
mas todo aquele espetáculo que estava em minha volta, os pássaros que
sobrevoavam as águas, a coruja, a raposa que às vezes me espantava com seu
grito.
Quando a cigarra aparecia com
o seu canto já sabia que a noite se aproximava e era hora de colocar a
macaxeira para cozinhar e preparar o café, era o nosso jantar. O nosso trabalho
agora sim ia começar, colocávamos as crianças para dormir e íamos pescar
peixes: surubins, mandir, piau – de - corda, piau - de- vara, piau- de – coco,
piaba e piranha. Antes de o sol despontar na nascente do rio, era hora de jogar
cevada feita com cuim de arroz para pegar camarões. A manhã surgia em meio a revoadas dos
pássaros tratava os peixes e colocava-os na salmoura – mistura de água com
bastante sal para conservar os peixes – juntamente com os camarões. E assim o
dia seguia sem monotonia e na madrugada do segundo dia era hora de voltar para
chegar a tempo de vender os peixes na feirinha.
Com o lampião acesso e as
crianças dormindo remávamos contra corrente, algumas vezes o sono me dominava e
despertavam com a voz do meu marido pedindo para acordar, e tinha que remar com
mais velocidade, pois a canoa tinha descido e não podíamos chegar atrasados.
E assim íamos levando a vida,
as crianças foram crescendo e foram deixando a canoa pelos bancos das escolas e
só nos acompanhávamos nos finais de semana, depois percebi que precisava ficar
mais tempo com eles e deixei os remos pela pisadeira de uma máquina de costura.
Hoje meu paraíso ainda existe
nas lembranças que vivi e no meu pequeno quintal que fica às margens do mesmo
rio. Aqui eu planto pequenas árvores, flores... A cigarra ainda me acompanha
todas as tardes, canta em uma gigante amendoeira para embalar meus sonhos de
que ainda é possível se ter um ambiente sem tanta poluição e descasos.
Entre uma roupa e outra que
costuro observo esse meu companheiro que me trouxe a existência e sobrevivência
e conto tantas histórias para minhas clientes que vivi desse encantador lugar
onde vivo.
Memórias de Maria de Lurdes Oliveira Sousa-
51 anos - costureira
Aluna: Mayara Povoa dos Santos - 6ª série B-
CE Lêda Tajra
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