por PEDRO FERNANDES*
A matéria veiculada pelo Fantástico, na Rede Globo, no último
domingo (9/3), em que foi mostrada uma triste realidade que acontece não
só em Codó, mas também em outras escolas e outros lugares, nos choca e
nos intima a agirmos cada vez mais. Os recursos da educação são
insuficientes para termos excelência, mas o que temos dá para melhorar e
muito a educação. Para isso, temos que saber priorizar os gastos e
evoluirmos na transparência das aplicações.
Estranha é a reação de alguns políticos para esse fato. De duas uma:
ou não conhece a realidade do Maranhão (segundo Estado mais rural do
Brasil), ou nos parece um misto de demagogia e oportunismo porque basta
olhar para suas bases eleitorais onde essa realidade é forte.
Estamos realizando um grande trabalho, com apoio da UEMA e UNDIME-MA,
orientando tecnicamente a todos os municípios, permitindo a elaboração
dos Planos de Ações Articuladas (PAR), programa vital para financiamento
da educação no MEC, pois com ele podemos captar recursos voltados à
construção e reformas de escolas, aquisição de carteiras, lousas, e
demais mobiliários, além da formação continuada de professores.
Mas, para que os recursos sejam liberados, é necessário o apoio e
força de todos nós políticos. E é bom que todos os que reagiram atônitos
à reportagem se engajem nessa luta. Precisamos trabalhar mais pelo
municipalismo.
Outro aspecto importante seria que todos nós políticos trabalhássemos para melhorar os per capita
do FUNDEB, que em 2014 será de R$ 2.285,57/ano (compare com a
mensalidade das escolas privadas); da merenda escolar, que hoje é de R$
0,30/dia (que alimento dá para oferecer ao aluno com esse valor?) e do
transporte escolar, que hoje é R$ 140,00 por ano, ou seja, R$ 0,70 por
dia/aula.
Cada vez que o Governo Federal faz isenções de impostos, a medida tem
como consequência a redução das verbas do FPM e FPE. Sem falar que os
reajustes dados ao Piso Nacional do Magistério e ao salário mínimo
(políticas importantes), que são acima da inflação, – conjugados com a
diminuição dos recursos do Fundeb – contribuem para a insolvência das
contas das prefeituras. Os municípios ficam com pires na mão porque o
orçamento municipal não consegue acompanhar as políticas federais. A
solução seria, talvez, uma reforma tributária com um novo pacto
federativo onde a União não concentrasse tantos recursos e o município
fosse mais forte. Além disso, os recursos do Pré-sal para a educação
precisam se tornar realidade o mais urgente possível.
Priscila Cruz, diretora do Todos Pela Educação, publicou em um artigo
comentários sobre índices da educação no Maranhão, fizemos um convite a
ela e a todos os políticos interessados na educação para participarem
de mais um Seminário Educacional de Integração Estado e Municípios, o
quarto, realizado no início desse ano, para mostrar o que nós estamos
fazendo pela educação.
E o que estamos fazendo? Primeiro, estamos focando o aluno, é para
ele que a educação existe. Segundo, estamos aproximando a Secretaria da
escola, porque é lá que a educação acontece. A missão da Seduc é mais do
que atender a sua rede. A sua visão tem que ser sistêmica por isso tem
buscado atingir quatro grandes objetivos: melhorar o nível do
aprendizado (da educação infantil ao ensino superior); universalizar o
ensino médio; institucionalizar o regime de colaboração entre União,
Estado e municípios (como exige a Constituição); e combater o
analfabetismo.
Na busca dessas metas, contamos com parcerias do Pnud, Instituto
Ayrton Senna, MP, Ufma, Ifma, Univima, Vale, Sefaz, TRT, Arcafar,
Uefama, Gespública, MEB, Fecopema, Conselhos de Educação, Conselho do
Fundeb, Conselho de Alimentação Escolar que precisam ser fortalecidos em
níveis estadual e municipal.
As ações tratam do gerenciamento de processos, estabelecimentos de
padrões mínimos de funcionamento das escolas, implantação das diretrizes
curriculares (melhor instrumento pedagógico para o aprendizado),
Programa Se liga e acelera, capacitação de professores em educação
especial, indígena e quilombola, apoio aos municípios no regime de
colaboração, orientação de 90 municípios na elaboração ou adequação dos
Planos Municipais de Educação, que traçam metas e estratégias para cada
realidade municipal com outros 90 municípios aderindo.
Realizamos 28 conferências intermunicipais de educação, com a
participação de todos os 217 municípios. Onde discutimos subsídios para a
elaboração do Plano Estadual de Educação, que foi consolidado, em
articulação com o Fórum Estadual de Educação na Conferência Maranhense
de Educação.
A Seduc também está trabalhando na formação continuada e
universitária do professor e na mediação tecnológica, para proporcionar
ao docente acesso a meios e ferramentas de alta tecnologia para
transmissão do conhecimento. Estamos distribuindo 15 mil tablets
na rede do ensino médio e kits de videoconferências (programa M-Tec de
mediação tecnológica em parceria com a Univima) aos anexos dos povoados,
onde não contamos com professores.
O que estamos fazendo em termos de educação é criar uma nova escola,
com um novo conteúdo e com um novo formato. Na atual, como diz o
ministro Mercadante, “o arranjo social é do século 18. Os professores
são do século 20 e os alunos, do século 21”.
Como parte da busca dessa transformação, fizemos um convite, através
de ofício, a toda sociedade civil para que visitem as nossas escolas e
deem palestras das diversas profissões para tirarmos os jovens do
caminho do crime que se mostra mais atrativo e mais fácil e colocar o
foco nas verdadeiras referências. Realizamos inúmeras reuniões com pais,
professores, gestores, parceiros chamando-os para que se integrem a
essa nova visão.
A reportagem mostrou uma realidade, uma foto ruim? Sim, mas não
mostrou o trabalho de base que já estamos realizando. O filme está
melhorando. Resultados a médio e longo prazo virão, porque, além de toda
essa parte pedagógica e de gestão, estamos executando um grande
programa de infraestrutura aprovado pela senhora governadora: reformas e
construção de escolas em todo Estado (em comunidades indígenas,
quilombolas, urbanas e rurais), transporte escolar, equipamentos e
mobiliário.
Reafirmo que acreditamos que somente juntos (União, Estados,
Municípios) e toda a sociedade, vamos vencer os desafios para oferta de
uma educação pública de qualidade. A Seduc tem planejamento estratégico
porque educação é uma política de Estado.
* Pedro Fernandes é Secretário de Educação e Deputado Federal Licenciado
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